Liberta-nos — Senhor —, pois nos liberta, a alma está extinta e a brisa arde, liberta-nos — Senhor: sei que é tão tarde, e a morte nos parece já tão certa. Liberta-nos, a areia nos calcina os pés — e vermes crescem em nossas chagas —, nos devoram os tumores e as pragas, e nosso povo chora e se chacina… Senhor, por que tua voz tão rarefeita se fez ouvir nos prósperos festins? Senhor — entre a seara e a colheita, oramos e tocamos os clarins — guardamos os costumes e a aliança! Liberta-nos, teu povo quer vingança.
Mataram o Charlie Kirk ontem. Um tiro na jugular. As duas crianças vão crescer sem pai. Quem contará para elas o que aconteceu ? Será que as pessoas não percebem que toda tentativa de vingar o presente produz um ponto no futuro em que um mal maior surge? Será que não conhecemos a condição humana de forma suficiente para saber que o ódio jamais morre só? Estranho. A sensação que tenho é que toda luta contra o que quer que seja, em última instância, ajuda a construir, parte por parte, o beemote que a pisará no futuro. Se a Israel e Palestina assustam, esperem para ver as crianças que sobreviveram a isso, em uns dez ou vinte anos.
O ódio jamais morre só.
Brian.
Belíssimo poema.