O transtorno de personalidade borderline (TPB) é uma condição marcada por intensas oscilações emocionais, dificuldade em manter relacionamentos estáveis e uma autoimagem fragmentada. Indivíduos com TPB costumam experienciar sentimentos de vazio profundo, medo intenso de abandono e comportamentos impulsivos, como automutilação ou abuso de substâncias. As oscilações frequentemente apresentam-se como polos de “me ame/te odeio”.
A ideia, com este poema, foi recriar a sensação de si que as pessoas diagnosticadas com TPB percebem.
Canção Limítrofe
Minha alma foi formada da paisagem do que esqueço: — vejo córregos de escárnio… — vejo montes de apreço! No espelho da nascente imprime o céu a sua moldura: a fuligem do poente entre os pinheiros da candura; e ao longe a cordilheira é mais bela que de perto: — tão distante o arvoredo quão mais perto seu deserto. Tarde a aura do poente desce em lânguidos floreios qual voar de mariposa, com terrores e anseios; As fronteiras cinzeladas pelo véu da lua esquiva inda incrustam seu vazio como fossem cercas-vivas. E um tumulto tão discreto vai tomando a madrugada, as centúrias de formigas, vagalumes e cigarras… Amanhece e o sol é tarde sem coroa nem lapela vai sangrando de sua face luz inscrita como em estela, mas o peito é uma fornalha, faz morada o joão-de-barro, e aprisiona o desespero entre as brumas e o orvalho. O que resta, quando acordo, são os rios que represei, e as montanhas do que afasto, e o que sou — por quê? — não sei!
É isso. Espero que apreciem.
Brian.